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Reconhecimento nacional - Dissertação em Antropologia da Ufam ganha menção honrosa no Prêmio Lélia González/2024

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Revisão Rozana Soares, equipe Ascom

Com o trabalho intitulado "Escrevivências de corpos racializados com a assistência médica em Careiro e Manaus, no Amazonas", a pesquisadora Rafaele Cristina de Souza Queiroz, ligada ao Programa Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/Ufam), ganhou menção honrosa no Prêmio Lélia González 2024, durante a 34 edição da Reunião Brasileira de Antropologia, realizada em Belo Horizonte. A pesquisa, orientada pela professora do Departamento de Antropologia da Ufam, docente Flávia Melo, foi defendida em 2023, no Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/Ufam), e concorreu na categoria trabalhos premiados na modalidade Melhor Dissertação.

A autora também é finalista do Concurso Brasileiro de Teses e Dissertações em Ciências Sociais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) e afirma que mesmo com dificuldades, a pesquisa sempre foi um sonho desde a infância. “O caminho até aqui foi árduo, e continua sendo, mas cada passo me aproxima da realização daquele desejo infantil. Estou, hoje, honrando a criança que fui, aquela que  sonhava em ser contadora de história, poetisa e cientista”, destacou.

Rafaele, atualmente, é doutoranda no Programa Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/Ufam) e fruto de políticas públicas de ações afirmativas. “Receber essas premiações, é a confirmação de que tanto meus esforços pessoais quanto essas políticas são cruciais para jovens como eu. Jovem negra, de um pequeno interior distante das grandes metrópoles, filha de agricultores, mas cheia de sonhos e coragem. Esse reconhecimento é importante para a minha família, que, com tantos sacrifícios, financiou meus estudos. É especialmente significativo para minha mãe, que estudou apenas até o quarto ano do ensino fundamental e, hoje, vive em minhas conquistas a realização dos seus próprios sonhos”, contou.

Para a orientadora, professora Flávia Melo, Rafaele Cristina vem de uma trajetória de iniciação científica e vem construindo de forma crescente seu espaço na academia. “Sua pesquisa trata das trajetórias e itinerários de acesso à assistência médica no Amazonas, a partir de experiências de mulheres de sua família. Faz um trabalho de autoetnografia dos percursos da comunidade afro-amazônida e ribeirinha de Purupuru até Manaus-AM. Rafaele, por meio da escrevivência, aborda o acesso à saúde, o racismo institucional e o estereótipos que circundam corpos de mulheres negras na assistência médica e a dinâmica das políticas de cuidado que mantêm essas mulheres conectadas entre si e que provocam o movimento e mobilidade destas mulheres”, encerrou a docente.

Confira a lista com todos os premiados AQUI

Resumo da pesquisa

Esta dissertação apresenta meus esforços teórico-metodológicos ao escrever sobre uma experiência radicalmente próxima e atravessada pela dor da ausência: o luto. Uma escrita localizada no meu cotidiano, unida as reflexões decoloniais e interseccionais a respeito de mulheres negras e racializadas. Utilizei a escrevivência como prática da escrita de nós, mulheres negras e racializadas, para descrever como experimentamos a assistência médica nos municípios amazonenses do Careiro e Manaus. Mobilizei a autoetnografia evocativa como meio para me perceber em campo. Assim, esta dissertação é uma bricolagem de operadores teóricos e metodológicos: a escrevivência (Evaristo, 2005; 2020); a autoetnografia (Anderson e Glass-Coffin, 2013; Ellis et al, 2010; Adams et al., 2017; Versiani, 2005); a autoetnografia evocativa (Bochner e Ellis, 2016); e, por fim, a percepção de ser afetada/atravessada por minhas vulnerabilidades enquanto pesquisadora/antropóloga: a antropologia de coração partido (Behar, 1996). Em minhas bases argumentativas sigo também os aportes teóricos do conhecimento situado e dos saberes localizados (Haraway, 1995); da interseccionalidade (Collins, 2022); sobre mulheres negras e racializadas (hooks, 1981; Gonzales, 1984; Vergés, 2017); e da escrita acadêmica feminista negra (hooks, 2017; 2020; Kilomba, 2010; 2016). A autoetnografia vem acompanhada de desenho, poemas, pensamentos anotados no diário pessoal e no caderno de campo que me deram suporte durante a escrita, mas não somente. Sigo alguns aspectos tratados por Ellis (2015), como a experiência pessoal no campo, que na escrevivência estão em primeiro plano. Apresento aspectos reflexivos e as minhas emocionalidades junto aos sentidos; trago informações e histórias de vidas únicas, mas que remetem a uma problemática social que atinge os corpos de mulheres amazonenses negras e racializadas em suas experiências com a assistência médica do Sistema Único de Saúde no Amazonas. Apontamentos críticos a respeito de como o racismo construiu o mito de corpos negros mais resistentes e, por fim, recorro a intelectuais negras para estabelecer conexões com a realidade por mim apresentada nas idas e vindas do Distrito do Purupuru (no Careiro) a Manaus junto às minhas semelhantes.

Acesse a pesquisa completa AQUI 

Sobre o Prêmio Lélia González

O Comitê de Antropólogas/os Negras/os da Associação Brasileira de Antropologia - ABA propôs a terceira edição do Prêmio Lélia González. Este prêmio é um reconhecimento à contribuição do pensamento de Lélia Gonzalez à Antropologia brasileira e à luta contra o preconceito, a discriminação e o racismo. Com a premiação, o Comitê de Antropólogas/os Negras/os visa estimular novas carreiras, dando visibilidade à produção original e de reconhecida qualidade acadêmica de pesquisas desenvolvidas na graduação e na pós-graduação, em universidades brasileiras, por discentes negras/os.

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