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Na defesa do Memorial Acadêmico, professor Gabriel Arcanjo Albuquerque narra trajetória e recebe promoção a titular

Publicado: Terça, 03 de Setembro de 2019, 14h10 | Última atualização em Quarta, 04 de Setembro de 2019, 17h08 | Acessos: 2685

Por Sebastião de Oliveira
Equipe Ascom Ufam

Agora professor titular, Gabriel Arcanjo Albuquerque foi o primeiro docente a conquistar o título pela Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas (Flet/Ufam), sempre despontando nessa área com seriedade e ética perante a Instituição. A defesa de memorial ocorreu na última sexta-feira, 30, na Associação dos Docentes da Ufam (Adua), localizada no Setor Sul do Campus Universitário.  

A professora Patrícia Melo (Ufam) presidiu a Comissão Especial de Avaliação, que foi constituída pelos seguintes membros: professoras Ângela Maria Dias, da Universidade Fluminense (UFF); Edméa Oliveira dos Santos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); e Luiza Garnelo Pereira, do Instituto Leônidas e Maria Deane/Fundação Oswaldo Cruz (ILMD/Fiocruz-AM).

Defesa 

Admitido na Ufam, em 1991, com apenas 22 anos, o professor Gabriel Albuquerque preencheu a vaga deixada por Mario Ypiranga Monteiro. Conforme a fotografia ilustrativa da época, ele era um jovem de cabelos compridos que, segundo o próprio docente, demonstrava uma postura desconfiada... sem saber quanta responsabilidade viria a ter nos anos posteriores. Nesse aspecto, o professor invoca Mnemosine (deusa grega personificada na memória), na tentativa de recuperar o tempo vivido declamado em poesia numa luta contra o esquecimento das ações desenvolvidas ao longo de sua carreira acadêmica. Por conta disso, ele disse: “a passagem do tempo se inscreve nos nossos corpos e nos nossos rostos”. Para o pesquisador, a defesa de memorial se consagra em ato especial, pois é a concretude do texto, é um documento memorial que atualiza a matéria de vida e narra toda uma trajetória.             

Por qualificar este como um ato memorável, que garante a titulação por anos de dedicação à Universidade, o docente dispara: “ao mesmo tempo em que nós estamos a par da legislação que pede que a gente cumpra esse rito acadêmico, nós também temos de outro lado o cumprimento de uma narrativa de um registro de vida. O que me parece que é difícil separar aquilo que é sua própria vida, a sua vida pessoal, da vida acadêmica, do que são obrigações junto à Universidade. Pra mim, pessoalmente, abro o memorial dizendo que não vejo o que separar entre vida pública e - eu não diria privada - mas pessoal. Isso porque a postura pública revela em princípios aquilo que se estuda, se prepara e se elabora no âmbito dos gabinetes escolares, das salas do professor, das bibliotecas, nesses espaços mais fechados”.

Segundo ele, a Amazônia é um local da complexidade, composta de várias sociedades, etnias, geografias que propicia o desenvolvimento da pesquisa nas áreas da linguística, literatura, dentre outros campos do conhecimento que, apesar do fomento de outrora, corre o sério risco de estagnar com as atuais medidas governamentais. Gabriel Albuquerque entende que há um processo de esfacelamento da coisa pública em curso e, concomitantemente, há o silêncio daqueles que podem construir vozes ativas de combate a esse tipo de cerceamento. “Nós, professores universitários, fazemos parte de um grupo de pessoas públicas, de servidores públicos que busca resistir, pelo menos alguns de nós." Há esse desmonte, assegura o docente, ao afirmar que “o lugar da Amazônia nisso tudo é um lugar muito delicado e complexo”.

De outro lado, de acordo com Gabriel, a Amazônia é também um grande laboratório, espaço de pesquisa a céu aberto. “Nós não entendemos de todo o bioma ou dos biomas amazônicos, nós não entendemos de todo como as populações amazônicas existem e coexistem. Nós não entendemos ainda os processos de cultura, de construção social da Amazônia Brasileira. Nós estamos estudando isso o tempo todo, sabemos muita coisa do ponto de vista da geografia, nós estamos pesquisando agora. Para mim, o lugar da Amazônia é sim de grande vulnerabilidade. Uma prova material disso são as queimadas que conduzem ao sofrimento das populações de uma forma brutal. É um processo de desrespeito que se caracteriza pela atitude despótica, grosseira e vil daqueles que, neste momento, assumem a gestão maior deste País”, declarou.  

Tese

Na década de 1980, o professor conheceu Hilda Hilst, que o impressionou “fartamente”, permitindo que ele desenvolvesse sua tese intitulada “Deus, amor, morte e as atitudes líricas de Hilda Hilst”, defendida pela Universidade de São Paulo (USP). Segundo o especialista em Literatura Brasileira, ela era conhecida como “a louca da casa, a prima rica que ninguém quer se aproximar. Respeitada, admirada, mas não lida", disse ele.

"Nos tempos atuais, em que o ódio, a intolerância e a corrupção predominam, o professor Gabriel Arcanjo acredita que Hilda Hilst não estaria num contexto favorável. “Ela tinha em uma das crônicas - e isso continua de muito riso - o desejo de montar o Esquadrão Geriátrico de Extermínio (EGE), algo como um conjunto de velhinhas consagradas escritoras brasileiras que se desnudariam de suas bengalas pra picar os políticos corruptos do Brasil. Assim, boa parte da população se vingaria", comentou o pesquisador.

Gestão

Quando retornou a Manaus, após o doutoramento, o professor passou a ter contato com a gestão acadêmica ao assumir a chefia do Departamento de Letras, o que o permitiu compreender os processos de aprendizagem envolvendo alunos e professores. Antes, porém, o docente coordenou o curso de Letras no Alto Solimões, que abrangeu um grupo de 78 alunos advindos de diferentes partes da tríplice fronteira. Mais adiante, em 2009, assumiu a direção do Centro de Educação a Distância (CED) e, dentre os feitos alcançados, está a ampliação do número de vagas para as especializações a distância, já tendo entregando à sociedade amazonense cerca de 600 especialistas.

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