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Consumo de remédios caseiros durante a pandemia de Covid revela necessidade de investimento em cadeia produtiva de plantas medicinais no Amazonas

Publicado: Sexta, 12 de Junho de 2020, 15h11 | Última atualização em Sexta, 15 de Janeiro de 2021, 14h34 | Acessos: 101324

Por Márcia Grana
Equipe Ascom

 

De acordo com o estudo publicado pelo Departamento de Economia e Análise da Universidade Federal do Amazonas (DEA/Ufam), a procura pelas combinações popularmente conhecidas como garrafadas, como as de chá de cupim e xarope de cupim, triplicou durante o surto do novo coronavírus.

  

Investir na estruturação de uma cadeia produtiva de plantas medicinais no Estado do Amazonas foi uma das constatações dos professores Rosana Zau Mafra, Dimas José Lasmar e Alexandre Almir Rivas, do Departamento de Economia e Análise da Universidade Federal do Amazonas (DEA/Ufam), ao pesquisarem o consumo de remédios caseiros durante a pandemia de covid-19 no Amazonas. 

Remédios caseiros 

O estudo, publicado como Nota Técnica Número 7, volume 1, do DEA/ Ufam, no último dia 10 de junho, apontou que os amazonenses consumiram diversos remédios caseiros oriundos de alimentos e plantas medicinais para prevenir ou tratar a covid-19. “Limão, jambu, mel de abelhas, mastruz e andiroba estão entre os produtos mais usados como remédios caseiros na região. Diante de uma doença nova, como a covid-19, e do desconhecimento de cura para a enfermidade, muitas soluções, como as garrafadas de chá de cupim e o xarope de cupim que, segundo o conhecimento tradicional, possuem propriedades curativas, foram usadas para tratar a doença e tiveram consumo triplicado. Além das plantas medicinais para combater problemas respiratórios, também foram bastante utilizadas as plantas conhecidas por combaterem a ansiedade e a depressão, consequências do isolamento social recomendado para evitar a propagação célere da doença. Tais usos demonstram o potencial da biodiversidade amazônica e a necessidade de investimentos na área de bioeconomia”, destacou o professor Dimas Lasmar.

 

Uso habitual 

Outro resultado interessante apontado pela pesquisa foi o uso habitual das plantas medicinais e a preferência dos amazonenses em consumir remédios caseiros a sintéticos. “Na sondagem sobre o consumo de remédio caseiro para prevenção ou tratamento da covid-19, realizada entre 26 e 29 de maio de 2020, chamou bastante atenção o percentual de respondentes que já consumia remédios caseiros antes da pandemia. Mais de 80% dos respondentes usam habitualmente chás como o de jambu, gargarejos de limão com água morna, inalação de eucalipto com cravinho, entre tantas outras combinações. Durante a pandemia de covid-19, 64% dos 105 respondentes afirmaram ter recorrido a remédios caseiros, ainda que não tenham apresentado os sintomas da covid-19 e 48% dos participantes da sondagem, que apresentaram sintomas da doença, recorreram a remédios caseiros. A possibilidade de uso de dois tipos de remédio ao mesmo tempo, o temor da reação adversa dos medicamentos usados  para tratamento e a tradição familiar foram os principais argumentos para justificar o uso dos remédios caseiros”, observa o professor Alexandre Rivas.

Diante desse cenário, a aposta na bioeconomia precisa ser fortalecida. “A covid-19 reforçou o debate sobre a produção de medicamentos fitoterápicos para o enfrentamento do novo coronavírus e de outras doenças, a partir de plantas medicinais amazônicas,  já que existe uma demanda habitual e cultural por elas. Além disso, há necessidade de qualificação de profissionais da saúde sobre o tema, embora o Sistema Único de Saúde (SUS) já promova ações de usos de fitoterápicos. A instalação, em 2019, do Polo Bioamazonas, que congrega instituições públicas e privadas de ensino, pesquisa, produção e serviços, entre elas a Ufam, foi um passo importante para a elaboração de propostas de promoção da cadeia produtiva de plantas medicinais da biodiversidade amazônica que estão em curso, importante iniciativa que atende à agenda da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para a bioeconomia”, conclui a professora Rosana Mafra.

 

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