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Pesquisadores do ISB publicam artigo sobre condições de trabalho de enfermeiros durante pandemia

Publicado: Quinta, 07 de Maio de 2020, 10h53 | Última atualização em Sexta, 22 de Maio de 2020, 15h47 | Acessos: 2504

Por Sandra Siqueira
Equipe Ascom Ufam

 

Publicado no Journal of Nursing and Health, o artigo apresenta a situação dos profissionais de enfermagem no dia a dia em hospitais brasileiros. Com o título “Enfermagem Brasileira na Linha de Frente contra o novo Coronavírus: quem cuidará de quem cuida?”, o trabalho do professor Luís Paulo Souza e da mestranda Antônia Gonçalves, do Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB/Coari), revela a falta de cuidado com os profissionais da saúde no contexto da pandemia do coronavírus.

A partir de buscas realizadas em bases de dados científicas, em relatórios do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), em documentos dos Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren) e nos Sistemas de Notificação do Ministério da Saúde, os pesquisadores levantaram um panorama dos primeiros impactos do novo coronavírus na saúde dos profissionais da enfermagem do Brasil, além de discutir os desafios da categoria no enfrentamento à covid-19.

“Encontramos um banco de dados criado pelo Cofen, o qual tem a finalidade de mapear os casos da doença entre os trabalhadores da Enfermagem. O sistema de alimentação do banco é aberto a qualquer profissional que queira fazer o registro, portanto, envolvem trabalhadores de todo o país, atuantes em hospitais públicos e privados”, comenta o pesquisador. “Fizemos uma vasta busca nas notas e publicações do Conselho, na tentativa de compilar o máximo de informações até aquele momento. Foi assim que obtivemos os primeiros dados, em que conseguimos mapear os óbitos suspeitos e confirmados segundo categoria profissional, idade e região. Todavia, após mais investigações [e maior divulgação das más condições de trabalho e saúde destes profissionais nas mídias eletrônicas, impressas e da televisão], o Cofen sinalizou dados sobre os afastamentos pela doença, informações que extraímos e apresentamos no artigo”, detalha.

A publicação mostra que o número de enfermeiros contaminados pela covid-19 ultrapassa os dados oficiais e descreve as más condições de trabalho como uma importante variável para o adoecimento dos profissionais. “Por meio de investigações em outras fontes, obtivemos muitos relatos de profissionais trabalhando sob risco ou já adoecidos, sem que o Cofen ou os Coren consigam ter total controle e fiscalização”, revela o professor Luís Paulo. “Um dado unanime em todas as investigações é que os profissionais têm trabalhado em ambientes com falta de máscaras N-95, FFP2 ou equivalentes; com orientação de uso das máscaras por período maior que o indicado pelos fabricantes; restrição de uso da máscara cirúrgica; falta de proteção ocular; escassez de capote impermeável; e déficit de trabalhadores exclusivos para assistência aos casos de covid-19”, informa.

A contratação de enfermeiros em caráter emergencial para atender a demanda momentânea é outro ponto exposto no documento como prejudicial, uma vez que dispensa a experiência na área e coloca os trabalhadores em situação de risco dada a realidade dos hospitais. “As ofertas são, principalmente, para os setores críticos como unidades de terapia intensiva, prontos-socorros e unidades de pronto-atendimento, deixando de requerer experiência ou qualquer preparo para ocupar tais vagas. Assim, os profissionais se veem na encruzilhada entre o emprego e a exposição do novo coronavírus, sendo que, pela realidade do mercado de trabalho brasileiro, a opção pelo primeiro vai ditar mais alto”, conta o autor. 

Diante desse quadro, os autores argumentam que o País vive não somente uma crise sanitária, mas também passa pela maior crise quanto ao cuidado, visto que os profissionais da saúde estão trabalhando em condições que mais oferece perigo à saúde do que nas que favorecem o cuidar, atribuindo isto às entidades empregadoras e fiscalizadoras. “Reconhecemos que a doença atingiu o país de forma abrupta, e como sua transmissão se dá de forma muito rápida, os serviços de saúde não estavam preparados para os atendimentos. Contudo, experiências anteriores com o vírus da Influenza A (H1N1) e as experiências em outros países que passaram por momentos de epidemia por doenças virais poderiam, por exemplo, ter servido de alerta para que o Estado (país) e as entidades se organizassem para situações que o Brasil pudesse também vivenciar”, finaliza.

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