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Movimento em Defesa da Amazônia é relançado com protagonismo de grupo heterogêneo

  • Publicado: Sexta, 30 de Agosto de 2019, 17h59
  • Última atualização em Sexta, 30 de Agosto de 2019, 18h11
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O próximo passo é realizar uma reunião executiva com o objetivo de elaborar a pauta de ações para o Movimento e a agenda de trabalho composta por seminários, debates, palestras.

Talvez não por acaso, o auditório que leva o nome de uma planta aquática representativa da região Amazônica, a vitória-régia, tenha ficado lotado de um público que aceitou o convite para protagonizar o relançamento do Movimento em Defesa da Amazônia (MDA). O evento ocorreu na tarde de sexta-feira, 30, no Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas (CCA/Ufam), localizado no setor Sul do Campus Universitário.

O anfitrião foi o diretor do órgão suplementar, professor Eron Bezerra. Hoje à frente do Centro que é responsável por gerir a política ambiental da Universidade, há 41, no ano de 1978, era discente de Agronomia desta mesma instituição quando fundou, ao lado de outros colegas, o MDA. “Um ano antes nós tínhamos fundado a Amapam, Associação Amazonense de Proteção Ambiental, que foi a primeira ONG do estado do Amazonas. Por isso, hoje, nós entendemos que isto é o relançamento, porque um movimento não é uma entidade, é algo que se renova e que vai se organizando ou se reorganizando de acordo com a realidade”, recordou o docente.

Ele explica que a proposta é simples: unir todos os que concordem com a defesa da Amazônia. “É claro que nós, como CCA, temos o dever de dar o pontapé, porque o CCA é o órgão da Ufam institucionalmente encarregado pela sua política ambiental. Então, é o nosso dever alertar a sociedade”, frisou o gestor, continuando: “Nós jamais seremos os donos do MDA; ao contrário, o nosso papel é estimular esse debate entre atores dos diferentes segmentos”.

Participaram desse primeiro encontro a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, professora Selma Baçal, que parabenizou a iniciativa e recordou das lutas lideradas pelo projeto Jaraqui décadas atrás. De outro prisma, o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCASA), professor Neliton Marques, fez um panorama do momento atualmente vivenciado no País, especialmente do ponto de vista do meio ambiente. “Essa é uma responsabilidade inadiável. Nós devemos reagir diante deste cenário cinzento, no sentido lato da palavra. O discurso está tão polarizado que os fatos e as evidências perderam a credibilidade e as instituições sérias estão sendo desacreditadas”, disse ele, completando de forma metafórica: “O desafio é gigantesco; eu diria que é amazônico”.

Diversidade

Todos aqueles que subscreveram o ato formal tornaram-se os refundadores do MDA. Além do extenso grupo de discentes de graduação ou pós-graduação da própria Universidade, estavam entre os subscreventes professores da educação superior e da educação básica, jornalistas, biólogos, assistentes sociais, economistas, psicólogos, geólogos, produtores rurais, representantes sindicais e ativistas. Docentes da Geografia, das Engenharias e os gestores de unidades acadêmicas da Ufam também estiveram presentes e firmaram o ato.

A ideia é que cada pessoa ou grupo que tenha mais afinidades possa trazer as contribuições conforme sua área de estudo, de pesquisa ou de atuação profissional e política. O próximo passo é realizar uma reunião executiva com o objetivo de elaborar a pauta de ações para o Movimento e a agenda de trabalho composta por seminários, debates, palestras.

O discente de Ciências Sociais da Ufam, Ricardo Miranda, 22, entende que o fator humano é tão importante quanto o fator ambiental, e ele pretende trazer essa perspectiva das humanidades para agregar e contribuir com a nova formação do MDA. “Quando a gente aplica os conhecimentos da Antropologia, podemos compreender o contexto da relação simbiótica formada pela floresta e pelos povos que lá habitam. Nesse ponto o debate é muito rico”, esclareceu o acadêmico, que é pesquisador no Núcleo de Estudos de Antropologia Indígena (NEAI), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS).

Ontem e hoje pela Amazônia

Ao expor a justificativa para o impulso de relançamento do MDA, o professor Eron Bezerra afirmou que como em 1978, a Amazônia novamente volta a ser alvo de muita polêmica e de muita pressão. “Na década de 1970, a ameaça era o JARI, que era um grande projeto no sul do Pará, que tinha como meta substituir a área de floresta original por um campo de plantio de pinhos e araucárias para a produção de celulose. O MDA se comportou contrário a essa estupidez, que é criar uma monocultura que só vai empobrecer o solo e exauri-lo com mais rapidez”, destacou o professor a respeito da atuação do movimento há quatro décadas.

“Agora, o MDA é exatamente contra as queimadas, contra a falta de ciência, porque nós sabemos que a Amazônia só pode ser desenvolvida com ciência e tecnologia. E quando vemos a universidade perder as suas bolsas de pesquisa, com programas passando por grandes dificuldades, o INPE [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] sofrendo abalo significativo, percebemos que a ciência e a tecnologia estão em risco”, pontuou o anfitrião do evento.

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